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Solo
, Luisa Strina

(14 março—29 abril 2017)



                            
                    Luisa Strina tem o prazer de apresentar Solo, primeira exposição individual do artista mineiro Thiago Honório (Carmo do Paranaíba, 1979) na galeria. Honório apresenta o trabalho Roca. Trata-se de uma cabeça de imagem de roca ou de vestir do século XVIII disposta sobre sólido geométrico produzido com um procedimento construtivo brasileiro utilizado no período colonial no repertório das construções dos séculos XVIII e XIX, conhecido como pau a pique, taipa de mão, taipa de sopapo ou taipa de sebe.

                    Essa técnica vernacular consiste no entrelaçamento de ripas ou toras de madeiras verticais com vigas de bambu horizontais e amarradas entre si por cipó, engendrando uma grande estrutura tramada cujos vãos se preenchem com barro, resultando numa parede. Das práticas da chamada arquitetura de terra é uma das mais recorrentes, principalmente nas zonas rurais.

                    A cabeça, estátua ou imagem de roca designa a tipologia de imagens sacras processionais que são travestidas com trajes de tecidos, perucas e adornadas com pedras preciosas, semipreciosas ou bijuterias. A palavra roca, como substantivo feminino, significa bastão, haste ou vara, possuindo na extremidade um bojo que se enrola a rama do algodão, do linho, da lã: roca de fiar. Também denota a formação volumosa e elevada de pedra, rocha, rochedo, penhasco.

                    Segundo Thiago Honório: “A imagem de roca tradicionalmente aparece em procissões e consiste numa estrutura de madeira articulável que dá a ver apenas a cabeça, mãos ou braços e, às vezes, os pés da peça esculpida, envolta em indumentária e adereços que a caracterizam conforme seus usos litúrgicos. Grande parte dessas imagens era construída numa escala aproximada da escala natural do corpo humano”. Este gênero de imagens adquiriu considerável difusão no Brasil, sobretudo na Bahia e em Minas Gerais durante o período Barroco, estendendo-se até meados do século XIX.

                    No caso de Roca, obra que ocupa sozinha grande área da sala de exposição, a cabeça da imagem de roca encontra-se no topo de um “monte” geométrico de pau a pique e taipa de mão.

                   Na exposição Solo, Roca apresenta-se fincada na terra, solo; com o duplo sentido da ideia de solo, nesse caso tanto a apresentação destinada ao solista quanto a terra. O trabalho busca problematizar à maneira metalinguística as noções de solo, camadas da terra, piso, chão de construção ou casa, ou a superfície que é construída para se pisar; substrato físico sobre o qual se fazem obras. Em sentido figurado, faz referência a nação, país ou região: em solo brasileiro, solo fértil. A etmologia do substantivo solo vem do latim sŏlum, que significa fundo, fundamento, pavimento e planta do pé. E também solo no sentido de só; a solo na ideia de executado por uma só voz ou instrumento; do latim sōlus, a, um a partir da noção de só, solitário; e também pode ser a dança, a ginástica artística, o trecho musical, a apresentação teatral, a exposição individual ou a seção a ser executada por um único intérprete.






ObrasRoca, 2010-2017
Estudos para Solo
, 2017

textosSolo, Ana Paula Cohen




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